O Partido dos Panteras Negras e a organização da comunidade: uma entrevista com Bobby Seale

Por Audrey Crescenti, via The Platypus Affiliated Society, traduzido por Lara Rossetto.

Este texto é uma transcrição editada de uma entrevista com Bobby Seale realizada no dia 9 de julho de 2018, no grupo de leitura Nova Esquerda da Platypus na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Bobby Seal foi cofundador do Partido dos Panteras Negras ao lado de Huey Newton, em 1966.


Audrey Crescenti: Preparando-nos para nosso grupo de leitura de verão sobre a Nova Esquerda dos anos de 1960-70, lemos a entrevista da The Movement Magazine com Huey Newton na prisão em 1968, na qual Newton distingue entre “nacionalismo cultural” e o que ele chamava de “nacionalismo revolucionário”. Você poderia elaborar essa distinção?

Bobby Seale: Este era o problema do nacionalismo cultural. Meu argumento em oposição ao nacionalismo cultural era: é uma questão de estética. Então, minha briga com os nacionais culturais… [imitando-os]: “É, mas um dia, quando formos libertados, eu vou descer o Rio Níger, flutuando rio abaixo…” eu disse, “Não, você não vai. Porque Kwame Nkrumah vai te falar pra tirar sua bunda de lá – isso é a porra de um sistema pra gerar eletricidade para construir uma porra de um império!”[1] Veja, eu estava mais interessado nos recursos minerais nas entranhas da terra da África.

Todo meu argumento, e estou falando de antes do partido começar. Quando a província de Katanga do Sul estava insurgindo no Congo, por volta de um terço do minério de cobre do mundo estava vindo da província de Katanga do Sul, no coração da África. Essa pesquisa me levou à bauxita! A jazida de bauxita de Kwame Nkrumah. Em todas as minhas escolas técnicas, etc., eu era um ótimo aluno, estava no topo da minha classe. Eu tinha uma “habilidade nível 7”[2] em conserto estrutural e em aeronaves de alto desempenho. Eu entendia sobre bauxita, o minério. Então posteriormente, quando me preparava para começar umas aulas de história negra, eu disse, “Bauxita!” E alguém disse “Você está maluco?” Eu disse, “Ele tem a porra de uma montanha de bauxita. Ele tem bauxita por toda a África Ocidental”. Eles disseram, “Que porra é bauxita?” Eu disse, “A porra do minério básico para todos os produtos de alumínio na porra do mundo todo! A África deveria ser extremamente rica economicamente”. Era nisso que eu estava pensando.

AC: Isso é similar ao que dizia Malcolm X em um texto que lemos essa semana, “Eu Não Estou Falando de Bananas”[3]. Ele coloca isso da seguinte maneira: “Vocês estão muito preocupados em tomar um cafezinho com um branquelo” – falando sobre a integração. Deveríamos estar focando, ele diz – a batalha real – é realmente nos apropriar dessa quantidade enorme de recursos naturais na África, formando alianças com as pessoas da África, e não apenas nos identificando como americanos.

BS: É, eu entendi isso também. Era nisso que eu estava pensando, inclusive ao apoiar o Malcolm. Eu estava feliz que ele tinha saído da Nação do Islã. Porque eu não concordava com aquela merda doutrinária. Se você viesse para a minha aula de educação política, eu te ensinaria dialética, entende? Huey nunca soube fazer isso. Mas eu entendi. Eu entendi de um ponto de vista matemático, ok? Um dos principais princípios dialéticos era: “Um aumento ou diminuição quantitativa causa um salto ou uma mudança qualitativa”. Eu não tive tempo pra dissertar sobre o socialismo disso e a arte daquilo. Esse não é o ponto. Nós temos que organizar a comunidade. Nós tínhamos uma campanha de recenseamento eleitoral acontecendo em tempo integral. Quando fizemos a coalisão com o Partido da Paz e da Liberdade, eu fiz um registro eleitoral para várias pessoas no Partido dos Panteras Negras. Esse era o jeito que eu queria organizar. Então, o membro do partido agora iria fazer sua parte, e aí ele teria que ver os resultados do seu trabalho aumentar a consciência das pessoas, unificando o povo em oposição à estrutura de poder porca, como nós a chamavam. Essa é mais a minha linha.

AC: Você percebeu uma tensão entre se organizar para o socialismo e a organização da comunidade?

BS: A maioria dos socialistas apenas falava. Eles intelectualizavam muito a porra toda. Eles queriam ensinar e, por conta disso, fazer você pensar desse jeito. Quando Ray Masai Hewitt me levou para algumas dessas sessões, eu disse, “Não, basicamente nossa ideologia é o controle comunitário. É o controle comunitário. Como conseguiremos mais controle comunitário das estruturas econômicas do que vendendo e produzindo serviços e mercadorias?” “Mas isso é socialismo de mercado!” Eu disse, “De mercado o meu rabo! Isso é necessário. Essa é a fundação de qualquer tipo de socialismo que você vai ter. Se você não tem o controle real das comunidades onde as pessoas vivem, você não vai ter nenhum socialismo real.” Pra mim, socialismo consiste em desenvolver um sistema e uma pratica econômica onde todas as partes envolvidas tenham igualdade e acesso. Ele ascende das bases pra cima. Não descende de uma estrutura porca pra baixo.

AC: Existia uma tendência em grupos nacionalistas negros de ser explicitamente separatistas e não ter nenhuma fé nos trabalhadores brancos – por exemplo, o que aconteceu depois do rompimento da Liga dos Trabalhadores Negros Revolucionários[4].

BS: É, esse era Stokely Carmichael. Foi por isso que eu expulsei ele da minha organização. Ele foi para o exterior e disse que iríamos nos livrar de todos aqueles radicais da metrópole branca a quem Eldridge Cleaver se referia. Eu fui para o exterior e eles me mostraram essa gravação. Eu disse, “Quem é esse filho da puta querendo fuder minha coalisão?”

AC: Huey Newton foi muito claro sobre não ver os trabalhadores brancos – ele os chamava de “radicais brancos” – como incorrigíveis. Ao passo que Carmichael pensava que a cor da pele determina sua tribo, e você não pode ir contra sua tribo. Se você une branquitude com capitalismo, então as pessoas brancas nunca podem ser verdadeiramente revolucionárias.

BS: Só bosta. Ele estava caindo naquela armadilha daquela velha merda separatista da Nação do Islã. Esse era o problema dele. Quando eu voltei do nosso tour na Escandinávia, eu disse, “Nós temos que fazer o Stokely sair dessa organização”. Nessa época, Eldridge Cleaver não estava mais no país, e eu comunicava pra ele do jeito que eu conseguia que: “Stokely tem que sair”. Mal sabia eu que Castro estava se preparando para expulsar Eldridge Cleaver de Cuba porque Bill Brent tinha sequestrado um avião e levou pra lá. Bom, eu expulsei o Bill Brent da minha organização por causa de um assalto fuleiro de $42 do caminhão de distribuição do jornal do Partido dos Panteras Negras. Enquanto Crutch [parceiro de Brent] estava no banheiro, ele roubou $42 deles. Eles tinham distribuído jornais a noite toda – circulando 50.000 jornais na área de São Francisco e Oakland. Nós realmente crescemos a esse ponto. Além disso, nós tínhamos mais 100.000 sendo distribuídos pelo país. Eu tinha uma organização grande. Era boa. Eu tinha esse negócio marcado no qual o jornal do Partido dos Panteras Negras estava nas ruas no sábado de manhã. “Pegue seu jornal do Partido dos Panteras Negras!” Eu queria que fosse no sábado de manhã porque as pessoas negras estavam de folga, e estavam na comunidade fazendo compras, etc. E isso era o mais importante. Eu realmente tinha feito dessa porra uma ciência. E aí esse cara ficava falando essas merdas. Eu disse: “Não, ele tem que ir, ele tem que ir”. Então, eles romperam. Eldridge estava no exterior com ele, e eles romperam.

AC: Newton, posteriormente, em Yale no ano de 1971, falando com Erik Erikson[5], disse que o Partido dos Panteras Negras deveria se aliar aos movimentos de libertação das mulheres e dos gays.

BS: É, ele falou isso.

AC: O que você pensou quando ele disse isso?

BS: Bom, Rodney estava no Partido dos Panteras Negras. E Huey disse, “eu não vou dizer nada”. Eu disse “Ele quer ser um membro integral. Ele é gay. Deixa o cara. O que tem de errado nisso?” Contanto que ele esteja fazendo o trabalho dele. Se uma pessoa é um porco – eu não dou a mínima o que ele é: gay, negro, azul, verde – então essa pessoa é um verdadeiro inimigo nosso. Era com isso que eu estava preocupado. Eu não prestava atenção naquilo. Mas eu não sabia que o Huey era bissexual até depois do partido.

AC: O que você acha da falsa noção de que os Panteras Negras eram conservadores?

BS: Quem disse isso?

AC: Em “Notas de um Filho Nativo”[6], Cleaver chamou a homossexualidade de doença que era produto da emasculação [do negro] pelo branco ou pela sociedade europeia.

BS: Eu não sei disso não. Huey Newton era gay e bissexual, como você sabe. Mas eu não descobri isso até eu sair do Partido dos Panteras Negras, porque eu nunca estava junto com o Huey. Eu não morava onde o Huey morava. Eu nem gostava do Huey se metendo no que eu estava fazendo.

AC: Você poderia falar mais sobre a época inicial do Partido dos Panteras Negras? Como vocês construíram a organização?

BS: Olha, eu atravessei o país naquele período de sete meses entre o Dr. King ser assassinado e Nixon ser eleito. E pelo menos 30 dessas organizações surgiram, e eu ajudei elas a se estabelecerem. Eu fiz com que aqueles membros do partido que queriam começar algo onde viviam fossem às faculdades, achassem os radicais de esquerda na faculdade e alguma organização de estudantes negros. Eles [os membros do partido] faziam com que eles [os radicais de esquerda e as organizações de estudantes negros] conseguissem que as faculdades me chamassem pra falar. Que eles me contatassem, e nós ajeitávamos os contratos e bum. Eu atravessei o país pra discursar. E eu discursava, e eu usava o dia seguinte para que a seção filial se organizasse. Eu dei um lema pra eles: vocês vão se organizar por meio de programas. Vocês precisam de programas pra comunidade. Vocês vão montar um programa de café da manhã. E quando vocês fizerem essa parte, vocês tem que montar uma clínica de saúde gratuita. Vocês devem começar com programas de teste de anemia falciforme. Eu disse, qualquer outro programa que vocês conseguirem pensar depois disso, façam. Façam esse processo. O primeiro programa foi o café da manhã para as crianças. Simultaneamente, os testes de anemia falciforme, e paralelo a isso nós criamos a primeira clínica de medicina preventiva gratuita junto com a Associação de Médicos Negros da Califórnia. Uma clínica real, bum. Esses foram os primeiros três programas. E é isso que eu estava falando pras pessoas que eles tinham que fazer nessas seções e nessas células do partido para começar suas organizações. E você tem que aprender a conseguir registros eleitorais pras pessoas. Você tem que aprender a identificar conselhos distritais. Você tem que ir atrás de todas essas informações. Onde as pessoas estão, onde as comunidades estão, onde a sede da sua câmara municipal está, etc. Você tem que conhecer a estrutura política da sua comunidade, e então você tem que identificar quem são os políticos e de que tipo são. Eles são de direita? Idiotas? Isso é o que eu estava ensinando aos membros do partido naquele período de sete meses. Minha organização cresceu de 400 membros do norte ao sul da Costa Oeste para 5.000 membros e 49 seções e células ao redor do país. 5.000. Metade deles eram panteras de comício.

AC: Como você define panteras de comício?

BS: Ele basicamente só iam para comícios. Mas dava pra fazer eles trabalharem. Você conseguia que eles fizessem um trabalho ou outro. Panteras de comício tinham que ir pra faculdade, ou tinham empregos. Como o “Big Man” Elbert Howard: ele não tinha como ir para a sede todo dia quando estávamos organizando pela primeira vez o Partido dos Panteras Negras. Ele trabalhava em tempo integral como impressor. Ele tinha um posto integral na Faculdade Merrit como escritor. Ele era mais do que um pantera de comício porque ele nos deu uma das primeiras espingardas que tivemos. Aquela espingarda que você vê Huey segurando, era aquela que o Big Man tinha dado. Minhas armas pessoais, meus rifles de caçada, eu nunca usei. Eu levei Bobby Hutton, Huey e todos eles para tentar ensinar eles a atirar, sabe. Ficar em posição prona, ficar sentado, como atirar, cara. Vocês não entendem. Veja, eu era proficiente com armas, não apenas por causa do partido, mas por causa da Força Aérea dos Estados Unidos. Eu era um atirador profissional.

Meu pai tinha contratos com a base militar. Veja, meu pai foi dispensado do alistamento na Segunda Guerra Mundial, porque sua perna era meia polegada mais baixa, uma perna era meia polegada menor do que a outra. Mas ele tinha habilidade na carpintaria. E Kelly Field, Randolph Field, em Santo Antônio, Texas, transferiram o seu emprego durante a Segunda Guerra para a base militar de Oakland, aqui na Califórnia. Foi isso que aconteceu, mas nós ainda estávamos no Texas. Só depois do final da Segunda Guerra, aproximadamente um ano e meio depois, que ele mandou eu e a minha mãe e família e nós todos entramos em um trem e acabamos saindo na estação de trem Berkeley-Santa Fé. Ela não existe mais. Então quando eu cheguei na Califórnia, eu me instalei em Berkeley, Califórnia, nos programas do governo. Foi lá que eu vivi e cresci. Então esse foi o ciclo. Foi muito diferente de Huey. Huey era um malandro. Isso é o que ele era. Pessoas escrevem muitas mentiras sobre mim. Elaine Brown e o livro dela, tudo mentira. Nunca aconteceu. É só um monte de merda porque essas pessoas na prática, o Huey também na prática, estavam trabalhando com o FBI e outros para desmantelar o Partido dos Panteras Negras. Agora, você vai me perguntar como isso aconteceu?

AC: No sentido de qual era o papel do FBI no desmantelamento do Partido dos Panteras Negras?

BS: Isso, então Huey saiu da cadeia. Eu estava na cadeia. Lembre, eu deixei ao partido 5.000 membros. Quarenta e nove seções filiais e células do partido mais a Comunidade Nacional de Combate ao Fascismo. Em alguns casos, a seção e a célula eram tanto parte do Partido dos Panteras Negras quanto da Comunidade Nacional de Combate ao Fascismo. Veja, eu deixei uma grande organização e eles tinham as primeiras lições de como fazer programas, de se assegurar de começar a fazer campanhas de recenseamento eleitoral e /ou avaliar quem os políticos eram e ver se você ia apoiar alguns políticos bons, ou se nós tínhamos alguém que poderia se candidatar. Foi isso que eu deixei. Eles me prenderam em 8 de agosto de 1969. Nixon ganhou a eleição em 1968. Foi na primeira semana de dezembro que J. Edgar Hoover anunciou que o Partido dos Panteras Negras era uma ameaça à segurança interna dos Estados Unidos. Ele repetia isso o tempo todo. O Partido dos Panteras Negras é isso, o Partido dos Panteras Negras é aquilo, blá, blá, blá.

Eles nos viam como uma ameaça. Nós tínhamos presidente, ministro da defesa, ministro da informação, ministro da educação, etc. Isso tudo forma um comitê. Em cada seção e cada célula. Então tinha o presidente encarregado, o encarregado disso, encarregado daquilo em cada seção e em cada célula. Você percebe onde estou chegando? Isso para que você tivesse um núcleo e você tivesse líderes que podem trabalhar nesse núcleo. Então cada seção e célula deveria ter esse núcleo central e organizado. Eu não queria uma liderança única sem esse núcleo, percebe? Desse modo dá pra analisar, se informar, etc., saber quais são os seus métodos de organização, o que vai ser feito. Essa era a metodologia. Eu estruturei isso no Partido dos Panteras Negras, por todo o país e em cada uma daquelas seções e células.

Aí achamos a gravação do Watergate do Nixon falando com o J. Edgar Hoover. “Agora, J. Edgar, quando você vai se livrar desses malditos Panteras Negras pra mim?” Está na fita do Watergate. Você pode ouvir ela na Universidade Vanderbilt.

Agora Huey, ele queria se livrar de tudo isso. Toda a estrutura que eu tinha montado. Então o Huey começou a destruir as seções filiais. Eu estava na cadeia, a 3.000 milhas de distância em Connecticut. Na verdade, eu estava na solitária. Eu não podia nem falar com outros presos. É conhecido o porquê, porque eu organizei uns detentos na cadeia. Porque eles pegavam todos os caras de cabelo comprido, os radicas de esquerda, e diziam que como você não se barbeia, você tem que ficar isolado. Bom, eu fiz uma greve com os prisioneiros na cadeia. Nós levantamos e nos afastamos da comida. E essa era uma cadeia nova, então a comida era boa. Não era contra a comida que nós estávamos lutando. Eu estava lutando por causa do fato de que você está isolando as pessoas e privando elas do direito de usufruir da sala de convívio, ou seja, você está violando a oitava emenda da constituição dos Estados Unidos da América. Então eu até organizei um programa grátis de comissariado.

Eu estava na cadeia. Eu passei pelo julgamento conspiratório dos “Sete de Chicago”. Oito semanas, dois meses, espancado no tribunal, todo tipo de coisa. Discuti com o juiz, fui retirado do julgamento, e sentenciado a quatro anos por desacato ao tribunal. Eu tinha saído sob fiança por isso aí. Eu estava na cadeia em Connecticut e não tinha fiança.

Mesmo estando isolado na cadeia, eu consegui livros por meio dos meus advogados: livros do Ho Chi Minh, Michael Harrington, etc. Eu realmente gostei do Harrington porque ele desprezava o socialismo doutrinário de controle estatal.

AC: Eu ia perguntar se você conhece Crise do Intelectual Negro, de Harold Cruise. O que você pensa sobre ele?

BS: Eu realmente não fiz uma análise sobre ele. Eu ouvi falar dele e eu simplesmente não fiz uma análise de verdade sobre. Muitas pessoas – eu simplesmente cansei de ouvi-las. Isso é real. Eu quero a realidade. Não gosto da postura intelectual. Como eu disse antes, nossa ideologia é: “Mais controle comunitário de tudo”. Se nós não temos controle comunitário via sistema político, então não vamos ter nenhuma libertação real. É difícil fazer isso, mas é o que temos que fazer. É nisso que acredito. Eu não gosto de ficar sentado dissertando sobre isso e aquilo. Eu estou cansado disso. Eu ouvi isso diversas vezes. Eu ensino dialética.

AC: De onde vem seu conceito de dialética?

BS: Hegel. É Hegel. Não que eu tenha lido muito de Hegel, mas eu entendi isso aqui. Eu tenho um livro chamado Materialismo Histórico Dialético (Stalin, 1938). Então todo mundo estava falando mal do materialismo, mas alguém começou a escrever sobre alguns aspectos básicos da dialética. Então eu disse, “Ok, dialética: a matéria está sempre em movimento e mudando constantemente.” Então eu disse, “Um aumento ou diminuição quantitativa causa um salto ou uma mudança qualitativa”. Eu disse, “Ah”. Isso que realmente chamou minha atenção.  Agora eu entendo os outros princípios, mas eu disse “Uau, eu quero organizar alguma coisa”. Eu não quero ficar sentado aqui ponderando pra sempre. Eu não preciso disso.

Transcrito por Audrey Crescenti, William Lushbough, Efraim Carlebach, Austin Carder e Kevin Dong.

[1] “Kwame Nkrumah,” Wikipedia. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Kwame_Nkrumah>. “A construção de uma barragem no Rio Volta (inaugurada em 1961) fornecia água para irrigação e energia hidrelétrica, produzindo eletricidade suficiente para as cidade e para a nova jazida de alumínio” (tradução nossa). Kwame Nkrumah foi o primeiro presidente de Gana.

[2] Em inglês,“7-skill level”: é uma classificação do código de ocupação militar, ou código de especialidade profissional militar (MOS, em inglês) composto por nove caracteres e utilizado na Força Aérea dos EUA da época. “Air Force Specialty Code,” Wikipedia. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Air_Force_Specialty_Code>

[3] Malcolm X, “I Don’t Mean Bananas,” em The New Left Reader, ed. Carl Oglesby (Nova York: Grove Press, 1969), 207-222. Disponível em: <https://platypus1917.org/wp-content/uploads/Malcolm-X-_I-Don_t-Mean-Bananas_.pdf>

[4] A Liga dos Trabalhadores Revolucionários foi uma organização marxista-leninista fundada em 1969 e terminou por conta de disputas ideológicas internas em 1971. “League of Revolutionary Black Workers,” Wikipedia. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/League_of_Revolutionary_Black_Workers>

[5] Huey Newton, “A Prison Interview,” em The New Left Reader, ed. Carl Oglesby (Nova York: Grove Press, 1969), 223-40, <https://platypus1917.org/wp-content/uploads/Huey-Newton-A-Prison-Interview.pdf>.

[6] Eldridge Cleaver, “Notes on a Native Son,” em Soul on Ice (Nova York: Random House, 1999), p.122-137.

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